A Educação em Portugal foi a exame e reprovou


Afirmo, sem qualquer dúvida, que este sistema não serve o mundo em que estamos a viver. Muito menos servirá o que virá. Não funciona para professores nem para alunos, nem para o mercado de trabalho.

Precisamos muito da Educação, e apesar de todo o cansaço em relação ao desgoverno que
temos visto em Portugal em relação a esta matéria, não nos podemos permitir desistir. Já
todos percebemos que os sucessivos governos continuam a manter o foco e o empenho em
modelos que estão completamente ultrapassados, mas isso não pode ser motivo para baixar
os braços. Pelo contrário. Tem de ser razão para ficarmos ainda mais determinados na busca
por alternativas.

Os modelos usados estão obsoletos e o resultado está à vista de todos. Além de não terem
muito a oferecer, não preparam os nossos jovens para a realidade. A abordagem em massa,
que sempre foi o caminho seguido – com turmas com um elevado número de alunos e sem
possibilidade de os professores potenciarem as qualidades específicas dos alunos –, não
funciona.
É cada vez mais imperativo que se perceba a importância de incentivarmos os nossos jovens
para a aprendizagem. Se respeitarmos a individualidade dos alunos – abrindo espaço para
que explorem as suas áreas de interesse –, teremos alunos muito mais empenhados e menos
desmotivados por um sistema que, nos últimos anos, investiu mais na memorização de
conteúdos do que na sua eficácia.
Afirmo, sem qualquer dúvida, que este sistema não serve o mundo em que estamos a viver
atualmente. Muito menos servirá o que virá. O que temos vindo a fazer não funciona para os
professores, não funciona para os alunos e não funciona para o mercado de trabalho.
Não podemos continuar a ter uma tónica na avaliação porque já todos percebemos que
preparar os alunos só para os exames não chega. O foco tem de estar na aprendizagem, no
que os alunos estão efetivamente a aprender. A escola, como está organizada, não permite
que nada saia da norma. Os nossos jovens deveriam poder passar menos tempo dentro da
escola, gerir os seus horários, decidir quando fazer exames – isto para dar apenas alguns
exemplos.

Não podemos continuar a ter uma tónica na

avaliação porque já todos percebemos que

preparar os alunos só para os exames não chega.

O foco tem de estar na aprendizagem, no que os

alunos estão efetivamente a aprender

É preciso que os alunos sejam incentivados a conhecer as suas características pessoais, a
explorarem-se enquanto pessoas; que descubram os seus próprios ritmos, que saibam que
podem explorar as coisas, que percam o medo do erro e o medo de falhar. São pilares
fundamentais para enfrentar o mundo em que vivemos. Todo o contexto tecnológico em que
vivemos atualmente implica uma avalanche informacional e é aqui que temos de perceber
que os novos modelos de ensino são a oportunidade de conseguirmos formar melhores
profissionais, mais prontos para dar resposta aos vários desafios que os avanços tecnológicos
têm trazido a todos nós.
Temos de ajudar os nossos jovens a encontrar o objetivo, a saber trabalhar com os outros e
também a perceber onde querem chegar na vida e como podem fazê-lo, mostrando-lhes
também que não há dois caminhos iguais.
Não há uma fórmula que possa ser aplicada e que sirva para todos, mas, quando sabemos o
que queremos e não desistimos, encontramos sempre caminhos. É isto que temos de saber
dar aos nossos jovens. O mundo é feito de pessoas e não há duas pessoas iguais. Este deve ser
o ponto de partida, mas também o destino do que tudo o que fazemos e ensinamos a fazer.
Se o que fizemos não está a ter o resultado que queríamos, temos de mudar o que estamos a
fazer. Podemos e devemos experimentar alternativas. A única coisa que não podemos fazer é baixar os braços.

Post original: https://www.publico.pt/2023/05/23/opiniao/opiniao/educacao-portugal-exame-reprovou-2050659

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