Brave Generation. Academia de Tim Vieira abre 37 escolas em sete países até final do ano

À semelhança de outros grandes negócios, como a Google ou a Disney, também este começou numa garagem: a Tim”s Garage. Em 2019, convicto de que o tempo de construir um novo sistema de ensino tinha chegado, Tim Vieira fundou a Brave Generation Academy (BGA), uma escola onde todos os jovens são bem-vindos – os que “pensam fora da caixa e os que não a têm”, inclusive – e a aprendizagem acontece de uma forma “muito mais feliz”. O sonho de uma educação sui generis começou a ganhar asas e foi para o Guincho, em Cascais, que voou. “Lá, começámos a fazer pequenas coisas diferentes, mas que produziram um grande impacto na vida dos nossos alunos”, começa por contar o tubarão nascido em Joanesburgo, em conversa com o Dinheiro Vivo.

Certificada pela Cambridge School, a BGA destina-se a crianças entre os 12 e os 18 anos, oferecendo um percurso académico de três níveis de ensino, previstos no currículo britânico: Lower Secondary, IGCSE e A-Levels. Nesta escola, o método de ensino desafia tudo o que é tradicional: não há horários fixos, aulas todos os dias ou até mesmo professores na sala. A aprendizagem dá-se através de uma plataforma digital, permanentemente acessível, que permite a cada um dos estudantes adquirir competências e conhecimento ao seu ritmo. Por detrás dela estão os course managers – o equivalente a um professor – que têm à sua responsabilidade definir o conteúdo ensinado em cada uma das cadeiras e elaborar os exames. Do outro lado, e já com uma presença física em campo, apresentam-se os learning coaches (dois por cada 30 crianças), uma espécie de orientadores focados em criar relações com os alunos e acompanhá-los na sua jornada.

Além das cadeiras transversais a qualquer escola, na Brave Generation Academy os alunos começam desde cedo a trabalhar também as digital skills, a fim de estarem mais bem preparados para as exigências de um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico, e a experimentar novas atividades, para descobrirem a sua verdadeira vocação. “Trazemos pessoas de fora para virem ensinar. Convidamos empreendedores, artistas e médicos para as crianças perceberem o que são aquelas profissões e onde está a sua paixão”, explica o empresário. Sem qualquer segmentação dentro do hub, todos os estudantes estão “no mesmo barco, não a competir, mas a cooperar”.

E porque “todas as coisas boas que acontecem é porque são necessárias”, acredita Tim Vieira, muitos são os pais que almejam um trajeto alternativo para os seus filhos, confiando que um futuro melhor os aguarda. O crescimento deste projeto comprova-o: a BGA já tem 53 hubs espalhados pelo mundo, que acolhem quase mil alunos e empregam 142 pessoas. Portugal, a terra onde a ideia rapidamente se tornou num empreendimento visível aos olhos de todos, assume uma quota-parte de 40 escolas, 700 estudantes e 120 colaboradores. Com um mínimo estabelecido de oito alunos para abrir um hub, a Brave Generation Academy “existe onde há crianças que precisam dela”, garante Tim Vieira – o interior do país é um exemplo, seguindo-se logo atrás geografias como Namíbia, Moçambique e África do Sul.

“Não sabemos quem poderá vir a ser o próximo Einstein ou Elon Musk, por isso, é nossa responsabilidade nunca dizer não a uma criança”, destaca o empreendedor. Assim, e ainda que a mensalidade desta escola aponte para os 485 euros em território nacional, “o preço nunca será um impedimento”, porque cerca de 30% das vagas dos hubs, cuja capacidade máxima é de 30 estudantes (logo, nove lugares), podem ser atribuídas por meio de bolsas, financiadas pela própria BGA ou pelos recentes parceiros Sonae e Fundação José Neves. “O estudante escreve-nos uma carta, que vem ter às minhas mãos, e em 48 horas a bolsa é atribuída. Se isso é bom para nós enquanto empresa? Não, estamos a perder. Mas estamos a ganhar muito em impacto”, confessa o fundador, para quem “o brilho nos olhos dos pais e das crianças” tudo muda.

A ambição é fazer mais. Segundo o investidor, esta pode ser uma resposta para vários problemas em Portugal, incluindo a falta de professores. Em Inglaterra, por exemplo, a BGA está a ser integrada no sistema educativo. Aqui, o ponto de situação poderia ser o mesmo, não estivessem as conversações com o governo em vias de atraso, face à relevância de um projeto como este – mas “há ainda uma luz ao fundo do túnel” e a expectativa de que avanços possam ser sentidos antes de setembro deste ano.

Para Tim Vieira, o país precisa de acordar e entender que a solução para crescer não está em mais taxas ou bazucas, mas sim em ter as pessoas certas para os trabalhos do futuro: “Se fôssemos mais ágeis e tivéssemos menos burocracia, ganharíamos muito mais.” Embora um percurso alternativo na escola do empreendedor ainda não permita o acesso às universidades portuguesas, as portas lá fora estão abertas, não havendo qualquer tipo de entrave ao prosseguimento dos estudos para o ensino superior.

Na mesma medida em que o dinheiro não constitui uma barreira para os jovens que querem frequentar a Brave Generation Academy, os obstáculos que o seu criador tem encontrado parecem não demovê-lo do seu propósito de fazer do mundo um sítio melhor – e cada vez mais são aqueles que se juntam a esta marcha (Escola 42 e Microsoft são exemplos).

Após quatro milhões de euros investidos, o projeto do tubarão da África do Sul vai crescer até ao final do ano, com a abertura de 37 hubs escolares, divididos entre a Índia, Espanha, Maurícias, Tailândia, Portugal, Nova Zelândia e Estados Unidos. Na última localização, as metas anteveem números expressivos, com a inauguração de 124 escolas até 2024. Em Portugal, arranca em breve a BGA Adults School, para promover, em regime pós-laboral, o upskilling de pessoas com mais de 18 anos, com 20 vagas para cada um dos hubs.

Original: https://www.dinheirovivo.pt/fazedores/amp/brave-generation-academia-tim-vieira-abre-37-escolas-em-sete-paises-ate-final-do-ano–16067133.html

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