Não é necessário reformular todo o sistema de Educação, apenas implementar algumas mudanças simples.
Quando analisamos o quão ultrapassado é o modelo educacional atual, torna-se evidente que poderíamos aplicar a regra dos 20/80 como um primeiro passo para o melhorar. Em vez de nos focarmos no conteúdo curricular, devemos refletir sobre o conceito global da escola e a forma como opera atualmente, praticamente igual ao que era há mais de um século. Embora quase tudo o que fazemos hoje tenha evoluído, o ensino mantém-se inalterado. Este é o primeiro obstáculo a superar se quisermos preparar os jovens de hoje para os desafios do futuro.
A BGA decidiu aproveitar a tecnologia disponível e o senso comum para transformar a experiência de aprendizagem. Atualizámos a vivência dos alunos, tornando-a mais motivadora, dinâmica e relevante para a sua trajetória de vida. A razão pela qual estas mudanças não são implementadas mais amplamente deve-se, na minha visão, a um apego às tradições, ao receio de sair da zona de conforto e à falta de iniciativa por parte dos responsáveis pelo setor. Durante demasiado tempo, têm mantido práticas enraizadas, temendo que as alterações necessárias possam gerar desconforto, tanto para professores como para pais. No entanto, os estudantes beneficiariam em muito se estas transformações fossem introduzidas em todos os níveis de ensino.
Na BGA, o foco principal está nos alunos; tudo o resto são ferramentas de suporte ao seu crescimento. Frequentemente, pergunto-me como podemos melhorar o processo educativo com os recursos ao nosso alcance. Não sou um idealista, reconheço que não é possível reformular todo o sistema tal como está estruturado, mas acredito que, com uma equipa motivada por um propósito claro e utilizando as ferramentas atuais, podemos certamente evoluir além do padrão inaceitável vigente.
Gosto de usar a analogia dos telefones fixos, com e sem fios, para explicar como o método da Brave Generation Academy difere do ensino tradicional. Perguntar como se compara seria equivalente a questionar se se vê a utilizar um telefone com fios? É certo que ambos trabalham, mas sejamos sinceros, por um vasto número de razões não nos vemos a regredir, mas sim focados no futuro.
Na BGA, evitamos amarras a tradições ou métricas de conforto baseadas em modelos ultrapassados. Em vez disso, estamos comprometidos com uma educação personalizada que prepare os alunos para a vida, continuamente questionando como podemos melhorar.
Compreendemos que cada estudante é único, com interesses e ritmos de aprendizagem próprios. Por isso, criámos parcerias com plataformas que oferecem uma diversidade de disciplinas que ultrapassam as limitações das escolas convencionais, restringidas por questões como o número de professores ou o tamanho das turmas. Assim, os nossos alunos podem personalizar o seu percurso académico e avançar ao seu ritmo, garantindo uma compreensão mais profunda dos conteúdos, sem o risco de ficarem atrasados ou desmotivados.
A convivência de idades, entre os 12 e os 18 anos, num sistema misto a funcionar nos Hubs da BGA permite criar um ambiente de aprendizagem colaborativa, onde os jovens aprendem através de investigação e interação. Os Learning Coaches, preparados para este propósito, fornecem apoio e orientação ao longo do processo e a equipa de Course Managers (os nossos professores) garante o acompanhamento e melhora continuamente os conteúdos a apresentar, como forma de facilitar e motivar a compreensão das matérias a aprender. Professores a serem professores, sempre disponíveis.
Esta interação entre pares desenvolve competências como empatia e trabalho em equipa, além de promover o bem-estar geral. Os alunos percebem rapidamente que não estão em competição uns com os outros, mas que fazem parte de uma rede de apoio mútuo.
Graças à flexibilidade das plataformas da BGA, os alunos têm a possibilidade de explorar interesses e paixões, seja no desporto, nas artes ou na música. Podem dedicar o tempo que entendem necessário para aprofundar o conhecimento e a técnica, no que os apaixona verdadeiramente, sem terem de descurar a parte académica, conseguindo progredir ao ritmo que pretendem. Os Learning Coaches oferecem orientação específica de acordo com os talentos e inclinações de cada um, ajudando-os a desenvolver essas áreas. Além disso, têm oportunidade de realizar estágios em empresas locais, adquirindo competências práticas e experiências úteis para a sua vida futura.
Os nossos estudantes também inspiram os colegas a experimentar novas atividades, contribuindo para uma aprendizagem mais dinâmica. Aqueles que tocam instrumentos ou praticam desporto incentivam outros a tentar. Alunos com interesses especiais abrem horizontes para os colegas, incentivando-os a novas experiências. A BGA permite que os jovens assumam a liderança no desenvolvimento de competências, dedicando tempo e energia para se tornarem especialistas em áreas que os motivam.
O nosso modelo educativo não só contribui para corpos mais saudáveis, mas também para mentes mais equilibradas. Reduzimos significativamente a ansiedade e a depressão, oferecendo prazos flexíveis e resultados mais geríveis. Os alunos escolhem quando realizar exames, com duas épocas disponíveis, o que lhes permite organizar melhor o tempo entre estudos, desporto e outros interesses. Esta abordagem promove um equilíbrio essencial para jovens adultos, incentivando a autonomia e responsabilidade desde cedo.
Há muitos outros benefícios que conseguimos introduzir, não ao mudar tudo na educação, mas ao incorporar a tecnologia e o senso comum no processo. As férias podem ser tiradas conforme as preferências, os horários escolares adaptam-se à agenda de cada aluno, e o ensino torna-se mais agradável, afastando a ideia de punição sem propósito.
A BGA é perfeita?
Não. Sou o primeiro a reconhecer que cometemos erros, mas também aprendemos com eles e ajustamos o percurso sempre que necessário. A boa noticia é que podemos trabalhar juntos incorporando novos modelos, tendo sempre o propósito de evoluir.
E as escolas tradicionais?
Certamente não. O problema é que continuam a repetir os mesmos erros e a resistir à mudança, mantendo um registo histórico que comprova esta inércia.
Elon Musk afirmou: “É mais fácil levar um homem a Marte do que reformar o sistema de ensino.” Na minha opinião, mudar o modelo educacional é ainda mais importante, pois o sucesso de todos nós, depende disso.
A BGA está a transformar o mundo, ao ritmo de um estudante de cada vez… se os pais tiverem coragem e permitirem.
Tim Vieira