Portugal, o início de mais um ano letivo e a urgência de agir

À medida que damos início a mais um ano escolar em Portugal, enfrentamos sinais preocupantes cuja resolução já não pode esperar. Nos últimos anos, os indicadores internacionais têm mostrado um retrocesso constante no desempenho dos nossos alunos – um sinal claro de que o modelo vigente já não responde às exigências do presente nem aos desafios do futuro. Portugal encontra-se abaixo da média da OCDE em leitura, matemática e ciências e, no domínio da literacia adulta, 42% dos portugueses estão no nível mais baixo, contra uma média da OCDE de 26%.


No terreno, a realidade é ainda mais dura: há uma escassez estrutural de professores, que tende a agravar-se. Milhares de crianças correm o risco de ficar sem aulas neste início de ano letivo, o que compromete não apenas a aprendizagem, mas o seu futuro enquanto cidadãos capazes de reconstruir este país.
Portugal esteve ausente em encontros internacionais decisivos, como a recente Digital Learning Week da UNESCO, onde se discutiu o papel da Inteligência Artificial na educação. Essa ausência simboliza uma oportunidade perdida de aprender, partilhar e preparar o país para transições profundas no ensino.
Este retrato preocupante que traço não é uma previsão alarmista do futuro, é, sim, um cenário inevitável se não agirmos agora. A falta de professores e os nossos resultados em estudos internacionais em queda só confirmam o diagnóstico: precisamos de inovação e liderança. O ministro pode estar ocupado, mas professores, pais, alunos e mesmo o futuro país não podem esperar.


Não se trata de vender soluções inovadoras; trata-se de colocá-las à prova em escala. É urgente aproveitar modelos flexíveis como os que temos desenvolvido na BGA, que já demonstraram que podem reduzir desigualdades, valorizar os professores e acompanhar cada aluno com foco humano.
Além disso, a Inteligência Artificial pode ser uma aliada poderosa não para substituir, mas para libertar o potencial criativo e empático dos nossos educadores, como já se reivindicou em conferências como a da UNESCO.


Para não deixar o país parar, é essencial agir já: investir na formação de professores e na sua contratualização rápida e flexível para colmatar as faltas estruturais; apostar em modelos híbridos que combinem tecnologia com a proximidade da mentoria humana, assegurando um acompanhamento verdadeiramente personalizado; criar parcerias sólidas com o setor privado e com instituições educativas internacionais, para reforçar os nossos planos digitais e pedagógicos; e, finalmente, tirar Portugal da periferia educativa, participando ativamente nos fóruns internacionais e colocando os nossos jovens no centro das inovações globais.
O futuro de Portugal começa já hoje, em cada criança que entra numa sala de aula. Cabe-nos, enquanto sociedade, garantir que esse futuro é construído com coragem, criatividade e compromisso. Tudo o resto é apenas conversa.

Tim Vieira

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