No negócio como na vida, temos de ser honestos connosco próprios. Há muitas empresas de Lisboa que o que querem fazer é comercializar os seus produtos no Porto e muitas do Porto que querem vender os seus produtos em Lisboa.
Mas temos de ser honestos connosco próprios e vermos se temos um produto com vantagem competitiva e se temos a resiliência para apostar na internacionalização.
Se analisarmos bem e se chegarmos à conclusão de que é isso que queremos fazer, então há vários pontos a analisar, tais como:
- Fazer uma pesquisa
Não devemos perguntar à mãe, ao pai e ao cão se gostam do nosso produto e o que acham. Mas devemos antes fazer uma pesquisa sobre o que existe lá fora, o que vamos ganhar sobre o serviço, se é o preço, ou seja, qual é a nossa diferença competitiva. Depois de fazer um estudo e verificarmos que temos uma vantagem, então continuamos o nosso caminho.
Eu posso garantir que Portugal é muito bem-visto lá fora e muitas pessoas querem trabalhar com os portugueses e acreditam nos nossos produtos, e nos nossos empreendedores. Sempre que cheguei a outro país e disse que era de Portugal, nunca me responderam: não queremos trabalhar com Portugal. Até me dizem o contrário. Muitos têm inclusive boas histórias nossas para contar e acreditam nos nossos serviços e produtos.
- Fazer networking
Depois de fazermos a nossa pesquisa e de acreditarmos que temos um bom produto e que as pessoas gostam dos portugueses, temos de começar a fazer networking para encontrar os nossos offtakers, as pessoas que realmente vão comprar ou usar os nossos serviços/produtos. Isto é muito importante. Não vale a pena começarmos a exportar se não tivermos ninguém à procura dos nossos serviços ou produtos.
É importante também encontrar outras empresas ou outros colegas que estão já a exportar ou a viajar para fora. Isto ajuda para não irmos sozinhos, mas para irmos em grupo e encontrar lá fora novos mercados. No entanto, esta estratégia não significa que tenhamos de estar sempre com essas pessoas, tomar o pequeno-almoço, almoçar, lanchar, jantar… . Assim nunca encontraremos novos clientes, nem fazemos networking. Lembre-se: não viajamos para vender a portugueses que estão em Portugal. Como diz o provérbio africano: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo”.
- Encontrar bons clientes
Assim que começamos a encontrar clientes, devemos ter noção de que nem todos os clientes são bons clientes. É importante estar atento a isso. Por isso, temos de encontrar clientes que gostam do nosso produto, que vão ter paixão para vender ou usar o nosso produto e que, no fim, vão pagar. Também temos de pensar em encontrar parceiros e criar sinergias. Todas estas decisões, se forem bem tomadas vão ajudar a que tenhamos menos falhanços e menos gastos de tempo. E como sabem, tempo é dinheiro!
- Estar bem no offline e no online
Quando conhecerem os novos parceiros e encontrarem sinergias e potenciais clientes, lembrem-se de que eles vão olhar para a vossa imagem e tomar decisões com base na impressão que tiverem de vocês. E podem ou não dizer: são pessoas com as quais conseguimos trabalhar. Mas também vão olhar para o online. Vão começar a ver tudo sobre a vossa empresa, como estão no social media, vão ver os vossos reviews. Então é importante estarmos bem no offline e no online. Temos de estar bem nas nossas apresentações quando estamos cara a cara, mas também no online para evitarmos a perda de clientes e para conseguirmos fazer as primeiras vendas.
- Usar as soft skills
Os portugueses têm grandes e boas soft skills. As nossas soft skills ajudam a ter uma grande vantagem. Temos de fazer chamadas, enviar whatsapps…, mais importante de tudo: temos de estar fisicamente presentes. Os portugueses têm um grande curso: que é o desenrasca. Então desenrasquem-se, encontrem os clientes, estejam à frente deles e façam o negócio acontecer.
- Bater a muitas portas
Como tudo na vida, temos de continuar a bater portas. Se uma em 100 abre, batam àquelas 99 portas o mais rapidamente possível para chegarem à próxima porta. Quando estamos a angariar clientes é muito importante manter os nossos clientes fiéis. Os que estão satisfeitos vão abrir novas portas e vão trazer novos clientes.
Depois de lerem estes pontos, pergunto-vos: E porquê tanta dificuldade em crescer e apostar na internacionalização? Hoje em dia, como já vimos, tudo decorre em ciclos. Temos ciclos de crescimento e ciclos de crise. Neste momento, Portugal está num ciclo de crescimento, mas brevemente – ou não tão brevemente – pode entrar numa crise e é importante termos mercado noutros países. Deste modo, estamos sempre em crescimento ou a sobreviver. Os nossos empreendedores também já notaram que, para crescer e para passar do breakeven e da luta, têm de pensar maior do que Portugal. Temos uma grande vantagem, já para não falar da nossa língua: estamos no centro do mundo e temos de usar isso a nosso favor.
Agora sejam honestos e apostem além-fronteiras!
This article was posted at link to leaders, 17/05/2018.