A diversidade ideológica no Parlamento é de louvar, e deve ser encarada sem receios, pois a nossa sociedade também tem essa diversidade. A diversidade de opiniões deve ser vista como uma força.
Os últimos dois dias no Parlamento, marcados pela eleição do Presidente da Assembleia da República, foram uma desilusão. Testemunhámos um dos episódios mais lamentáveis da nossa vida política. Esperava-se diálogo e consenso, mas o que vimos foi taticismo partidário e uma falta de clareza preocupante.
Foi frustrante assistir às manobras das diferentes forças políticas, que mais uma vez falharam redondamente aos olhos do simples eleitor, perdendo a oportunidade de demonstrar respeito e realizar com dignidade a tarefa de eleger um dos mais altos cargos do Estado.
A solução, que surgiu tardiamente, não conseguiu apagar o espetáculo pouco dignificante a que assistimos. Infelizmente, este episódio serviu unicamente para agravar ainda mais a imagem já desgastada da nossa classe política.
E sejamos claros, não há inocentes, se por um lado é essencial respeitar a representatividade dos eleitores, o orgulho não se deve sobrepor a tudo. Por outro lado, cabe às forças políticas mais votadas, especialmente àquelas que têm mais experiência parlamentar, garantir o diálogo equilibrado com todos, pois afinal estão ali representados os portugueses. Ninguém esteve bem.
A diversidade ideológica no Parlamento é de louvar, e deve ser encarada sem receios, pois a nossa sociedade também tem essa diversidade. A diversidade de opiniões deve ser vista como uma força, nunca como um obstáculo. Mas, a estabilidade e a previsibilidade são essenciais para o progresso e desenvolvimento do país, o que só é possível com diálogo, clareza no discurso, ausência de preconceitos e uma dose elevada de bom senso. Ceder e atingir um consenso, não é uma derrota se o resultado for positivo e se estiver em linha com a vontade democraticamente expressa pelos portugueses.
O momento atual exige um compromisso de todos os partidos, até porque nenhum detém todas as respostas, nem conseguirá sozinho superar os obstáculos que o país enfrenta.
Este mau arranque do Parlamento deve servir de lição para o que não se deve repetir, tanto no Programa de Governo, como nos Orçamentos de Estado. Numa altura em que o diálogo inclusivo e pragmático é tão importante, espero sinceramente que o bom senso se sobreponha ao taticismo partidário.
Original post: https://observador.pt/opiniao/faltaram-adultos-na-sala/